Testemunho de: Maria do Céu Alves Pessoa
"Vida de Comerciante"
Maria do Céu Alves Pessoa, natural da freguesia de Sonim, conta-nos como foi a sua vida de comerciante no tempo em que ainda era jovem. Casada com José Teixeira, teve duas filhas e um filho que acabou por falecer aos quinze anos de idade. Hoje, diz ser uma mulher feliz, com dois netos, duas netas e três bisnetos gémeos, que diz serem os olhos da sua cara. Recorda assim os tempos de comerciante:“O meu marido trabalhava no fogo com o pai e montámos uma mercearia aqui em Sonim e mais tarde um Café. Ainda era uma rapariga nova e já tinha três filhos quando, o meu marido, foi para o Canadá à procura de melhores condições de vida, e eu fiquei cá a tomar conta da mercearia. Foram tempos difíceis, mas os meus filhos ajudaram-me muito.
Naquela altura tinha muitos clientes que faziam as compras ao final do mês. Levavam uma canastra cheia por vinte escudos e ainda bebiam uma cerveja. Tinha a mercearia toda avulso, em sacos de 75 Kg que se pesavam em cartucho de papel de 0,5 Kg 1 Kg. O arroz, a farinha e o açúcar estavam em “tulhas”.
Foi o primeiro comércio a ter televisão e funcionava como espécie de um cinema, onde as pessoas traziam os seus banquinhos de casa para verem a Tourada, o Festival da Canção e os Ranchos Folclóricos.
Também tínhamos uns matraquilhos que eram o entretenimento dos mais jovens.
No meu comércio vendia um pouco de tudo, desde os pregos para a construção civil até aos comprimidos para a dor de cabeça.
Chegavam a vir pessoas de outras aldeias para fazerem compras aqui na minha mercearia.
Com o tempo a vida foi-se modificando. As pessoas começaram a emigrar, a trazer dinheiro e a procurar novas diversões.
Hoje em dia, as condições de vida melhoraram e as pessoas já têm meio de transporte próprio e já vão às compras a grandes superfícies. Felizmente, ainda há as que preferem o comércio tradicional e reconhecem que alguns produtos são de melhor qualidade.”