Banda Musical de Sonim chega ao fim
Foram muitos os esforços encetados, nomeadamente, pela Casa do Povo de Sonim, para que o projecto da Banda Musical da referida aldeia não chegasse ao fim. Todavia, os esforços saíram gorados, segundo os responsáveis, em larga medida, pela ausência de pessoas que lhe pudessem dar continuidade. Mais uma vez, o despovoamento e decréscimo acentuado da população do interior continuam a hipotecar o futuro de grandes projectos.
Muitos são aqueles que recordam, com um intrínseco saudosismo, os tempos áureos daquela que foi, em tempos idos, uma das maiores bandas musicais do concelho de Valpaços.
Há mais de 150 anos, nascia aquela que, durante muitos anos constituiu um dos principais motivos de orgulho da aldeia de Sonim – a Banda Musical. Aquela, não só contribuiu para a promoção e divulgação de todo o património musical existente na época, como ainda, em termos sociais, aproximou freguesias vizinhas, com a junção de músicos oriundos das mesmas. Contudo, após algumas décadas de existência, de plena glória e ascensão, a Banda de Música de Sonim corria sérios riscos de extinção, como consequência da emigração e do declínio exponencial de novas gerações, obrigando os músicos que por cá ficaram, a recorrer a Bandas mais longínquas, para prosseguirem com a sua notória propensão musical.
A Banda Musical de Sonim, desde logo, tinha algumas características peculiares, entre as quais se distinguia, inequivocamente, a particularidade de todos os músicos que a integravam não tocarem por pauta mas sim de ouvido. Neste seguimento, há ainda muitos seguidores e admiradores da referida banda que recordam, há já muitos anos, na festa de Valpaços, muitas eram as bandas que, ocupavam os vários coretos junto do santuário, e tocavam noite dentro. No entanto, no preciso momento em que todas as bandas tocavam alternadamente, há uma falha de energia que impediu todas as bandas de tocarem, à excepção da de Sonim que, em virtude da referida particularidade, continuou a tocar enchendo de orgulho todos os que ali assistiam, sobretudo sonienses.
Contudo, volvidos todos estes anos, a Banda atravessava, novamente, sérios riscos de extinção. Foi então que, num esforço de preservação da cultura e tradição sonienses que, o Presidente da Casa do Povo, em colaboração com os restantes elementos da mesma instituição, reuniram esforços por forma a garantir a continuidade da Banda. Desde logo, obtiveram a total e inteira colaboração por parte da junta de freguesia de Sonim e da Câmara Municipal de Valpaços, na pessoa dos respectivos presidentes, que desde logo disponibilizaram toda a ajuda necessária.
Não obstante, sublinhe-se que, todos aqueles que quisessem integrar a banda, podiam fazê-lo com a garantia que teriam aulas a título gratuito, dirigidas pelo Professor Adérito Silveira que, desde o início dedicou todo o seu empenho e altruísmo no ensinamento da música às novas gerações e também aos elementos mais antigos que, apesar de tocarem, não sabiam ler a pauta. Refira-se ainda que, para perpetuar este projecto, havia ainda a disponibilidade e garantia de transporte de pessoas de freguesias limítrofes que, para além de aprenderem música, poderiam integrar a banda, mas, apesar de tudo, os esforços não foram suficientes. Tal como refere Bruno Salvador: “Lamento profundamente a extinção da Banda, no entanto, fico de consciência tranquila, pelo facto de acalentar a firme convicção de que tudo que estava ao nosso alcance foi feito para garantir a sua continuidade. No entanto, fruto do intenso despovoamento e não renovação de gerações, não temos como continuar”. O Presidente da Casa do Povo prosseguiu dizendo que “só me resta agradecer todos o esforços e colaboração das instituições que nos apoiaram, reiterando a inteira disponibilidade não só pessoal como da Casa do Povo, na prossecução de concretização de projectos que elevem o nome de Sonim e que contribuam para a sua preservação e do seu património cultural”.